Friday, October 12, 2012

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Wednesday, May 09, 2012

Lucian Freud at the National Portrait Gallery - London - The Anatomy of the Individual

I believe that its not just because he is the grandson of the founder of modern psychology that his work is soaked with existential expression, despite being undeniable that drama runs in his blood. It was almost an analysis session for him to paint his sitters, he liked to talk to them and get to know about their passing lives. The long hours they spent in his studio were so he could see deeper and deeper into their souls. David Hockney’s small portrait, for example, took 130 sitting hours. All his sitters are stripped bear of their masks, even the ones that did not pose nude. His friend Harry Diamond seated for him fully dressed and stated: “if someone is interested in getting your essence down on canvas, they are also drawing your essence out of you”. Most of his sitters are looking the other way, not right at the viewer, for me that is a sign of his talent to express personal feelings without appealing to the eyes, which is the most common and easiest way into a person’s soul. The exhibition has a very illustrative chronological display as a narrative for the development of his art. We can see the evolution of his painting techniques and tools and be assured that he was bound to be the one modern painter of the self as it is inside. As Rembrandt, one of his masters, was for the seventeenth century. In Freud’s portraits the flesh seems real, maybe that is why he was considered a realist. The forms take an autonomy for themselves, even though they can’t be separated from the content that is the existential condition of that being. Animals and people receive the same treatment as everyday objects, all have the same aural and trembling aspect that gives life to his subjects. As Lucian said: “art is about the life of forms”. In his paintings the tension between material and immaterial is clearly present. Flesh is material, but his paintings show the spirit, the soul. He kept evolving and experimenting with psychology and paint up to the end of his life in 2011.

Friday, April 20, 2012

Reflections and other realities



Dan Graham creates virtual spaces on his unrealized mirrored installations at Lisson Gallery

Dan Graham is a master in providing a space for insight, not only exteriorly with his reflective installations but also interiorized as mirrors of the soul. For his exhibition at Lisson Gallery, London, he created two pavilions presented along with three other models in smaller sizes. All newly done for this show. The walk-in site-specifics provide an experience that can’t be taken for granted and that is possible to have on the gallery at 29 Bell Street until April 28th.

The artist thinks of himself as an American Caspar David Friedrich, as he says on a video screened as part of the show featuring other installations he has presented, some based on Zen Buddhist gardens. For the pieces outside the environment is reflected reminding of landscape painting. He creates heterotopian realms, to contextualize in Foucaultian theory, virtual spaces. Realities inside reality.

Dan Graham started to create these reflective pieces in the 1980’s. Places where people can interact, look at each other or at themselves, situating his work on the frontier between art and architecture. He has done projects for clients with kids to work as playgrounds on summer days. But his installations provoke almost the same impact on adults who go around the pieces wondering about the images projected, playing with the distortions.

It is a chance to experience an uncommon space and test your perception of yourself in relation to the realities around you. In this journey of virtual spaces and light if you don’t wonder if this is art, or even, is this reality? It definitely makes you reflect.

Wednesday, November 16, 2011

Depois do 11 11 11


Foi uma experiência iluminada. Subir ao sótão do Espaço Apis por uma escada vermelha até chegar a um ambiente escuro e incomum onde estava a câmara dos sentidos. Seis pessoas entravam de cada vez em uma tenda, uma estrutura feita de papel vegetal pelo coletivo Moleculagem. Baseada em uma geometria de Pitágoras, o Tetractys, símbolo místico, produziu um efeito desta natureza.

A câmara dos sentidos é fruto da intenção da curadoria de fazer uma alegoria do Mito da Caverna de Platão. A ideia era provocar uma mudança de perspectiva com o choque da percepção de que espaço e tempo podem ser manipulados e chegar ao entendimento de que a realidade é uma ilusão.

O grupo apresentou a instalação imersiva pintando com luzes e som para levar a um questionamento da percepção através da arte. A sensação de se mover com as imagens, entrar em túneis e caracóis infinitos, viajando por cores e formas abstratas que, junto com o som, produziu um efeito meditativo. Cada um com seu headphone, que emitia sons holográficos para gerar uma ampliação da consciência, embarcou na viagem que os transportou a outra dimensão para questionar a realidade através da manipulação da percepção de espaço e tempo.

O público entrou com sua subjetividade independente e saiu com a mesma impressão. Os 11 minutos 11 segundos e 11 frames da projeção se dissolveram na percepção que estava sendo dirigida pelas imagens e pelo som; e perderam a noção de tempo.

Hoje o tempo está muito acelerado com tanta informação e estímulos, mas a obra mostrou que podemos viver em outro ritmo, podemos controlar o tempo. O espaço também foi transformado pois as pessoas que estavam dentro da “caverna” esqueciam do mundo lá fora.

Descendo as escadas para o salão térreo a obra de Eduardo Petroni seguia na sublinha psicodélica com telas de grandes dimensões que trazem figuras alienígenas futuristas. Em uma sala escura, luzes negras acendiam as cores acidas das pinturas e esculturas de bonecos, entidades que com sua presença causavma estranhamento. Um ambiente anormal para uma galeria, que dava a sensação de estar entrando em outro universo, se posicionando no mundo da arte atual ao seguir a tendência de ambientação e da estética relacional. As pinturas de Eduardo Petroni também produziam um efeito óptico de puxar o olhar ao centro e depois se espalhar expansivamente.

O público saiu com uma sensação de transcendência, como nas catedrais góticas e painéis nos tetos renascentistas, que com a perspectiva trouxe a descoberta de outra dimensão através da arte. Seja na terra ou no céu, no sótão ou no térreo; em um vácuo atemporal, o happening levou a uma expansão de consciência nessa exposição de alto nível que reforça a prova de que o Rio está cada vez mais internacional.

Wednesday, October 26, 2011

Emancipation through Art


We usually walk around in life noticing many things, but many other things are left unnoticed. Like a limelight our perception focus on things that interest us, may they be because of our need to survive or modelled by our past experiences, conventions or our cultural baggage that we carry from where we came from to our destiny.

But our brain can apprehend a lot more. We need do leave this fixed model to see beyond. That is where our path to evolution is. If we stop and think, a lot of things we consider real are just constructions of our mind. Time and space lead our way but they are only subjective representations and can be adapted according to each individual experience.

Our mentality have changed a lot from Modernity to Post-Modernity, we moved from a mechanical, dualistic perspective to a more relative point of view. Quantum Physics raised the notion that each observer creates his own reality and things happen according to the path he chooses.

Art followed this change of paradigms with the idea that the work of art needs the observer to exist because it depends on his personal interpretation. In this exhibition we will use perception to reach emancipation. The viewer will enter a cave that alludes to Plato’s Cave Theory and try to provoke an awareness of the here and now. The understanding that space and time are representations. This experience can be the key to open new doors to see beyond.

Buddhists had already claimed reality is an illusion. Plato’s Cave Theory declares that things exist only in their appearance for us. In the myth the prisoners of the cave see shadows projected on the walls and hear the sounds that come from outside and they believe that these shadows are reality. A reality filtered by the senses and so they are just appearances.

Following this idea we promote a moment of meditation on our being through art. A perceptive art that uses our senses so that each one can have the perception of themselves perceiving. This realization can make them leave the exhibition and see reality with emancipated eyes.

Emancipação através da arte




Andamos pela vida percebendo muitas coisas, mas muitas outras coisas ficam de fora. Como um farol, nossa percepção foca em coisas que nos interessam, seja pela necessidade de sobrevivência, seja modelada por experiências passadas, convenções e nossa bagagem cultural que carregamos de onde viemos e para onde vamos.

Mas nosso cérebro pode perceber muito mais. Precisamos sair desse molde fixo para ver além. É ai onde está o caminho para nossa evolução. Se parássemos para pensar, muito do que consideramos real na verdade são construções mentais. Tempo e espaço norteiam nossas direções, mas são apenas representações subjetivas e podem ser mudadas de acordo com a experiência de cada um.

A mentalidade mudou muito desde a Modernidade para a Pós-Modernidade, passando de uma visão mecânica, maniqueísta, para uma visão relativista. A Física Quântica trouxe à tona a ideia de que é o observador que constrói a sua realidade, já que as coisas acontecem de acordo com o caminho que escolhemos.

A arte acompanha essa mudança de paradigma com a ideia de que a obra é feita pelo espectador e que depende da interpretação que ele mesmo faz da obra. Essa ênfase na participação do espectador começou nos anos 60, mas atualmente a Arte Relacional fixou esse conceito de uma vez por todas.

Na instalação do coletivo Moleculagem vamos usar a percepção para atingir uma emancipação, uma nova visão, uma nova perspectiva para olhar a realidade; e tentar promover esse momento de reflexão em cada um. Estar presente no aqui e agora, já que passado e futuro são ideias. Este momento de auto consciência pode ser a chave para abrir portas para novas experiências.

Os budistas já diziam, a realidade é uma ilusão. Como na caverna de Platão, as coisas em sua aparência existem somente para nós. No Mito da Caverna os prisioneiros vêem as sombras projetadas na parede e escutam o som que vem de fora, acreditam que essas sombras sejam a realidade. Uma realidade filtrada pelos sentidos que na verdade é apenas aparência.

Assim, promovemos um momento de meditação sobre o próprio ser diante de uma arte que trabalha os sentidos, para que cada um tenha a oportunidade de perceber a si mesmo percebendo e tentar sair para ver o mundo com outros olhos.

Em outro ambiente vamos do campo da abstração para o da arte figurativa, nada tradicional. A pintura de Eduardo Petroni traz símbolos arquétipos de uma linguagem não limitada, não racional, que vem do inconsciente coletivo através de nossa memória genética. Seres alienígenas provocam uma sensação de estranhamento na presença destas entidades. Eles nos olham e nos fazem questionar quem somos nós, existe vida fora da Terra ou em outra dimensão dentro de nós mesmos?

Cada pessoa terá sua experiência pessoal e em conjunto vamos tentar sair do comum para chegar a uma nova sensibilidade.

Wednesday, May 25, 2011

Odisséia no Espaço – CCA Kunsthalle Curadoria: Friederike Nymphius 23.4.2011 – 30.06.2011


A pergunta sobre os sentidos da visão é recorrente em nossas vidas e também está presente em uma musica de David Bowie que embalou a exposição com o mesmo nome do seu hit “Odisséia no Espaço”. A curadora Friederike Nymphius concebeu uma coletiva internacional especialmente para o Kunsthalle CCA Andtratx que explora a noção de arte, espaço e suas interações com as percepções dos visitantes.

Ao andar pela exposição me sinto em uma nova realidade psicodélica, a musica de Bowie de fundo em minha cabeça enquanto olho fascinada para as pinturas murais de Peter Kogler e Terry Haggerty que parecem sair da parede ao ponto de poder tocá-las. Relevos que te levam a outra dimensão. Um trecho da musica ilustra essa idéia: “mesmo ao estar a cem mil milhas por hora me sinto bem parado”.

Continuo minha viagem neste novo reino de percepções e me lembro da teoria Foucaultiana de Heterotopia, espaços que existem como antítese ou alternativa para o espaço real. Em um primeiro momento essa questão do espaço pode não ficar tão evidente em trabalhos como os quadros abstratos de Yago Hortal com suas formas expressionistas e cores fluorescentes, por exemplo. Mas, para ele é como criar novos mundos, novas realidades “uma gota já cria espaço no suporte”, explica. Essa idéia fortalece o contexto curatorial de Friederike.

Muitos artistas que estão na crista da onda hoje estão na exposição, como Martin Creed, que ganhou o Prêmio Turner em 2001, e John Armleder. Este último apresentou várias obras, uma delas tubos de neon que recordam as esculturas minimalistas de Dan Flavin. A percepção é logo ativada e nos conscientizamos dela. O espectador é retirado de seu entorno e confrontado individualmente com a experiência e suas conotações. O olho sensível pode sentir as vibrações das luzes de cores diferentes, mas a percepção nos oferece apenas uma ilusão. O olho é enganado por dimensões que parecem materiais mas são apenas visuais, mesmo que pareça poder tocá-las.

Uma interação altamente física é necessária entre indivíduo e obra, faz o espectador compreender que esta interação vai além da mente para a percepção do corpo no espaço. É uma experiência puramente pessoal, uma resposta subjetiva ao trabalho, que precisa do espectador para existir. Armleder também apresenta obras mais figurativas, com objetos comuns do dia a dia para gerar uma reflexão sobre a própria identidade do espectador, pois ao interagir com esses objetos estamos trazendo memórias profundas do inconsciente para a superfície. Estar atento à percepção é um ato subjetivo, um processo simbólico através do qual construímos nossa realidade, nossa identidade.

Nossa identidade também pode ser construída por formas abstratas porque nos relacionamos com elas em outro nível, alem da lógica racional, através dos sentidos, como com a musica. Ai está o poder deste tipo de arte, é um canal para uma conscientização através de novas percepções. Está aberta a interpretações e por isso pode ser percebida diferentemente por várias pessoas. Chegamos assim o mais próximo possível a uma arte universal, pois sem ter limites de ideologias culturais e sociais pode ser apreciada por pessoas de qualquer lugar ou qualquer idade.

CCA Kunsthalle SPACE ODDITY Curator: Friederike Nymphius 23.4.2011 – 30.06.2011

“Don’t you wonder sometimes about sound and vision?” This question is recurrent in many moments of our life and even in a David Bowie song, also present in the exhibition named after another of his hits. Curator Friederike Nymphius conceived an international group show especially for Kunsthalle CCA Andratx that explores the notion of art, space and their interplay by challenging the visitor’s perception under the name of “Space Oddity”.

Strolling along the exhibition space in a new psychedelic reality, I couldn’t take the song out of my head and looked fascinated at the wall paintings like Peter Kogler’s 2001 untitled graphic images that seemed they were coming out from the wall and we could touch the reliefs. Terry Haggerty’s untitled 2011 wall painting also takes you into another dimension, and Bowie’s Space Oddity song came into my mind again: “even though I’ve crossed a hundred thousand miles, I’m feeling very still”

I move around this new realm of perception that reminds me of Foucault’s theory of Heterotopia, spaces that are present as an antithesis or an alternative to the space of the real world. At first it is not so evident in works like in Yago Hortal’s abstract expressionist acid colored canvas, but he composes new worlds, new realities, “a single drop creates space in the support” he explains. That idea brings out the curatorial contextualization intended by Friederike. There were many artists that are on the peak today, like John Armleder and Martin Creed, who won the Turner Prize in 2001.

Looking at John Armleder´s light installation reminded me of Dan Flavin’s minimalists works, as the perception of space switch is immediately turned on. The viewer withdraws mentally from his environment and finds himself left alone in confrontation with the experience and its connotations. The sensible eye can sense the different color vibrations of the lights, but perception can only offer an illusion. The eye is fooled into dimensions that are not material but visual, it seems as if you can touch it.

A highly physical interaction is needed between the individual and the artwork, compelling the viewer to understand it not only through the mind, but also in terms of the body itself in space. It is a pure personal experience, a subjective response to the work, that means the work needs the spectator to exist. Armleder also goes into the pictorial with object from daily life on his mix media Some Flying Objects (Berlin Version), 1967-1975-2010, because we relate to these objects and construct our identity by accessing our memories and innermost feelings. To be aware of our perception is a subjective act, a symbolic process by which we construct our reality, our identity.

Our identity can also be constructed by abstract forms, because we relate to them in a different level, beyond logical reasoning, through our senses, like music, there lies the power of this kind of art. It is a conduct for reaching awareness. It is open for interpretations, it can be perceived differently by many people, that’s why it is the closest we get to universal art. Because it does not relate to any cultural or historical context, it doesn’t have any ideological limits. We can say this is a universal exhibition; it can be enjoyed by almost anyone, from kids to old age.

Thursday, April 14, 2011

Comer Arte


A Arte de Comer, Da Natureza Morta a Ferran Adriá

La Pedreira, Barcelona, até 26 de junho

Arte e comida estão muitas vezes juntas no mesmo prato, inclusive os catalães são tão orgulhosos de sua culinária quanto de sua arquitetura. Por isso a exposição “A Arte de Comer, Da Natureza Morta a Ferran Adriá”, em um dos edifícios mais reconhecidos do arquiteto Antoni Gaudí, tem o sabor da própria cidade.
Ao entrar em uma sala deliciosa com suas formas orgânicas vemos pinturas de frutas e legumes em bandejas. A princípio parece meio antiquado, mas ao vê-las apodrecerem no vídeo “Still Life” (2007) de San Taylor Wood entendemos seu significado de natureza morta. Uma jogada filosófica do artista para mostrar que na verdade estão vivas e por isso morrem com o tempo.

Costumes gastronômicos aparecem em pinturas e ajudam a contar histórias de outros tempos, mas são apenas representações da realidade. Por isso Juan de Espinosa, pintor barroco espanhol, já no século 17 apresentou essa idéia em seu quadro “Natureza Morta com Pássaro Morto” ao fazer alusão ao mito de Zeuxis e as uvas que diz que ele pintou as uvas com tanto realismo que até os pássaros tentaram comê-las.
Ao seguir o recorrido cronológico da exposição chegamos a vanguarda da década de 60 com seus questionamentos sobre o papel do artista e da arte na vida. Para representar essa posição a artista portuguesa Ana Vieira citou Manet com seu famoso “Le Déjeneur sur L´Herbe” em sua instalação “Almoço Campestre” (1971). Para mim é a arte saindo de um plano para entrar na vida, como se pudéssemos comer a pintura.

O design também está presente - como não poderia deixar de ser, já que faz parte de todas as nossas refeições - com utensílios de cozinha e no quadro do artista pop britânico Richard Hamilton em “Hamilton´s Toaster”. Mostra a fascinação de objetos que aparecem para mudar a vida das pessoas refletindo hábitos e costumes em formas significativas, como a arte também faz. Já que arte e vida se tornaram inseparáveis porque não apresentar um restaurante como obra? Foi exatamente o que fez o chef estrela Ferran Adrià em seu restaurante El Bulli, com seus pratos desconstruídos e uma apresentação estética tão visualmente agradável quanto conceitual que levou o catalão a ser o primeiro cozinheiro a participar da Documenta de Kassel em 2007. Fechando com garfo de ouro a exposição.

O tema arte e cozinha dá muito caldo, para saber mais sobre o assunto leia minha matéria na próxima edição impressa da Revista Das Artes que sai em junho.